SACRAMENTOS DA INICIAÇÃO CRISTÃ
Pelos sacramentos da iniciação cristã - batismo, confirmação e eucaristia - são colocados os fundamentos de toda vida cristã. "A participação na natureza divina, que os homens recebem como dom, mediante a graça de Cristo, apresenta uma certa analogia com a origem, o desenvolvimento e a sustentação da vida natural. Os fiéis, de fato, renascidos no batismo, são fortalecidos pelo sacramento da confirmação e, depois, nutridos com o alimento da vida eterna na eucaristia. Assim, por efeito destes sacramentos da iniciação cristã, estão em condições de saborear cada vez mais os tesouros da vida divina e de progredir até alcançar a perfeição da caridade”.
BATISMO:
O santo batismo é o fundamento de toda a vida cristã, o pórtico da vida no Espírito ("vitae spiritualis ianua") e a porta que abre acesso aos demais sacramentos. Pelo batismo somos libertados do pecado e regenerados como filhos de Deus, tornamo-nos membros de Cristo, e somos incorporados à Igreja e feitos participantes de sua missão: "Baptismus est sacramentum regenerationis per aquam in verbo - O batismo é o sacramento da regeneração pela água na palavra“.
1214 - Ele é denominado batismo com base no rito central pelo qual é realizado: batizar ("baptizein" em grego) significa "mergulhar", "imergir"; o "mergulho" na água simboliza o sepultamento do catecúmeno na morte de Cristo, da qual com Ele ressuscita, como “nova criatura” (2 Cor. 5,17; Gl. 6,15).
1216 "Este banho é chamado iluminação, porque aqueles que recebem este ensinamento [catequético] têm o espírito iluminado...”. Depois de receber no batismo o Verbo, "a luz verdadeira que ilumina todo homem" (Jo 1,9), o batizado, "após ter sido iluminado" (Hb. 10,32), se converte em "filho da luz" (1 Ts. 5,51), e em "luz" ele mesmo (Ef. 5,8).
O batismo é o mais belo e o mais magnífico dom de Deus. (...) Chamamo-lo; de dom, graça, unção, iluminação, veste de incorruptibilidade, banho de regeneração, selo, e tudo o que existe de mais precioso. Dom, porque é conferido àqueles que nada trazem; graça, porque é dado até a culpados; batismo, porque o pecado é sepultado na água; unção, porque é sagrado e régio (tais são os que são ungidos); iluminação, porque é luz resplandecente; veste, porque cobre a nossa vergonha; banho, porque lava; selo, porque nos guarda e é o sinal do senhorio de Deus.
1223 - Todas as prefigurações da antiga aliança encontram a sua realização em Cristo Jesus. Ele começa a sua vida pública depois de ter-se feito batizar por são João Batista no Jordão, e após a sua ressurreição confere esta missão aos apóstolos: "Ide, pois, fazei que todas as nações se tornem discípulos, batizando-as em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, e ensinando-as a observar tudo quanto vos ordenei" (Mt. 28,19 - 20).
1229 - Tornar-se cristão, eis algo que se realiza desde os tempos dos apóstolos por um itinerário e uma iniciação que passa por várias etapas. Este itinerário pode ser percorrido com rapidez ou lentamente. Deverá sempre comportar alguns elementos essenciais: o anúncio da Palavra, o acolhimento do Evangelho acarretando uma conversão, a profissão de fé, o batismo, a efusão do Espírito Santo, o acesso à comunhão eucarística.
1237 - Visto que o batismo significa a libertação do pecado e do seu instigador, o diabo, pronuncia-se um (ou vários) exorcismo(s) sobre o candidato. Este é ungido com o óleo dos catecúmenos ou então o celebrante impõe-lhe a mão, e o candidato renuncia explicitamente a satanás. Assim preparado, ele pode confessar a fé da Igreja, à qual será "confiado" pelo batismo.
1238 - A água batismal é então consagrada por uma oração de epiclese (seja no próprio momento, seja na noite pascal). A Igreja pede a Deus que, pelo seu Filho, o poder do Espírito Santo desça sobre essa água, para que os que forem batizados nela "nasçam da água e do Espírito" (Jo 3,5)
1239 - Segue então o rito essencial do sacramento: o batismo propriamente dito, que significa e realiza a morte ao pecado e a entrada na vida da Santíssima Trindade através da confirmação no mistério pascal de Cristo. O Batismo é realizado da maneira mais significativa pela tríplice imersão na água batismal. Mas desde a antigüidade ele pode também ser conferido derramando-se, por três vezes, a água sobre a cabeça do candidato.
1241 - A unção com o santo crisma, óleo perfumado consagrado pelo bispo, significa o dom do Espírito Santo ao novo batizado. Este tornou-se um cristão, isto é, "ungido" do Espírito Santo, incorporado a Cristo, que é ungido sacerdote, profeta e rei.
1243 - A veste branca simboliza que o batizado "vestiu-se de Cristo" (Gl. 3,27): ressuscitou com Cristo. A vela, acesa no círio pascal, significa que Cristo iluminou o neófito. Em Cristo, os batizados são "a luz do mundo" (Mt. 5,14).
1253 - “O batismo é o sacramento da fé. Mas a fé tem necessidade da comunidade dos crentes. Cada um dos fiéis só pode crer dentro da fé da Igreja. A fé que se requer para O batismo não é uma fé perfeita e madura, mas um começo, que é chamado a desenvolver-se. Ao catecúmeno ou a seu padrinho é feita a pergunta: "Que pedis à Igreja de Deus?’. Ele responde: "A fé!".
1254 - Em todos os batizados, crianças ou adultos, a fé deve crescer após o batismo. É por isso que a Igreja celebra cada ano, na noite pascal, a renovação das promessas batismais. A preparação para o batismo leva apenas ao limiar da vida nova. O batismo é a fonte da vida nova em Cristo, fonte esta da qual brota toda a vida cristã.
1255 - Para que a graça batismal possa desenvolver-se, é importante a ajuda dos pais. Este é também o papel do padrinho ou da madrinha, que devem ser cristãos firmes, capazes e prontos a ajudar o novo batizado, criança ou adulto, na sua caminhada na vida cristã. A tarefa deles é uma verdadeira função eclesial (“officium"). A comunidade eclesial inteira tem uma parcela de responsabilidade no desenvolvimento e na conservação da graça recebida no batismo.
1263 - Pelo batismo, todos, os pecados são perdoados: o pecado original e todos os pecados pessoais, bem como todas as penas do pecado. Com efeito, naqueles que foram regenerados não resta nada que os impeça de entrar no Reino de Deus: nem o pecado de Adão, nem o pecado pessoal, nem as seqüelas do pecado, das quais a mais grave é a separação de Deus.
1267 - O batismo faz-nos membros do Corpo de Cristo. "Somos membros uns dos outros" (Ef. 4,25). O batismo incorpora à Igreja. Das fontes batismais nasce o único povo de Deus da nova aliança, que supera todos os limites naturais ou humanos das nações, das culturas, das raças e dos sexos: "Fomos todos batizados num só Espírito para sermos um só corpo" (1Cor. 12,13).
1268 - Os batizados tornaram-se "pedras vivas" para a "construção de um edifício espiritual, para um sacerdócio santo" (1Pd. 2,5). Pelo batismo, participam do sacerdócio de Cristo, da sua missão proféticas, régia; "sois a raça eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo de sua particular propriedade, a fim de que proclameis as excelências daquele que vos chamou das trevas para a sua luz maravilhosa" (1Pd. 2,9). O batismo faz participar do sacerdócio comum dos fiéis.
1269 - Feito membro da Igreja, o batizado não pertence mais a si mesmo (1Cor. 6,19), mas àquele que morreu e ressuscitou por nós. Logo, é chamado a submeter-se aos outros, a servi-los na comunhão da Igreja, a ser "obediente e dócil" aos chefes da Igreja (Hb. 13,17) e a considerá-los com respeito e afeição. Assim como o batismo é a fonte de responsabilidades e de deveres, o batizado também goza de direitos dentro da Igreja: a receber os sacramentos, a ser alimentado com a Palavra de Deus e a ser sustentado pelos outros auxílios espirituais da Igreja.
1274 - O "selo do Senhor" ("Dominicus character”) é o selo com o qual o Espírito Santo nos marcou "para o dia da redenção" (Ef. 4,30). “O batismo, com efeito, é o selo da vida eterna”. O fiel que tiver "guardado o selo" até o fim, isto é, que tiver permanecido fiel às exigências do seu batismo, poderá caminhar "marcado pelo sinal da fé", com a fé do seu batismo, à espera da visão feliz de Deus - consumação da fé - e na esperança da ressurreição.
O SACRAMENTO DA CRISMA OU CONFIRMAÇÃO:
A presença e a ação do Espírito Santo se faz em todos os sacramentos, mas por excelência encontra-se no sacramento da crisma ou confirmação.
No Oriente, este sacramento é chamado de crismação ou crisma. O crisma, no masculino, é o óleo santo. Quando usamos a crisma queremos realçar o símbolo da unção com o óleo, portanto ao sermos crismados, somos ungidos pelo Espírito de Deus, para uma missão. (At. 10, 38).
No ocidente, como também no Catecismo da Igreja católica e documentos da Igreja, é usada a palavra confirmação, significa que todo cristão, fortalecido pelo Espírito, é capacitado a assumir sua vocação e missão de batizado, para que persevere até o fim no testemunho de Jesus Cristo.
“A confirmação aperfeiçoa a graça batismal; é o sacramento que dá o Espírito Santo para enraizar-nos mais profundamente na filiação divina, incorporar-nos mais firmemente a Cristo, tornar mais sólida a nossa vinculação com a Igreja...”.(CIC 1316).
Apesar de duas definições, vemos que ambos tem razão de existir. Nos reforçam que somos convidados, pela ação do Espírito Santo, a confirmar nossos compromissos cristãos.
Durante os séculos, este sacramento sofreu mudanças. Vemos no livro dos Atos dos Apóstolos o testemunho da efusão do Espírito Santo, realizada sobre aqueles que “somente haviam sido batizados”. Na Igreja primitiva existe uma estreita relação entre batismo e crisma. A partir do século III a preparação para receber os sacramentos é bastante organizada através do catecumenato. Os que desejavam fazer um caminho de conversão e adesão à fé cristã eram adultos, portanto, com opção mais convicta.
Fausto de Riez, no século V, assim se expressa sobre este sacramento: “Pelo batismo, nos regeneramos para a vida; após o batismo, somos confirmados para a luta. No batismo somos purificados; após o batismo, somos fortificados”.
A separação do batismo e da crisma se dá a partir do século V se deu por vários motivos: a difusão do cristianismo, a generalização do batismo de crianças, o bispo não podia estar nas diversas comunidades afastadas de sua cidade-sede. Aos presbíteros dá-se a função
de batizar enquanto ao bispo, em outro momento, reserva-se a imposição das mãos e a unção do óleo.
Do século XII em diante é que se generalizou a idéia de que a imposição e a unção se caracterizavam como o sacramento da confirmação. Assim sendo, do que era uma
só coisa, fizeram-se duas. Aqui a idade para receber este sacramento passou a ser entre 7 e 12 anos.
O concílio de Florença (1439 - 1445) foi o primeiro dos concílios ecumênicos a afirmar que a confirmação é um dos sete sacramentos da Igreja.
O concílio Vaticano II (1962 - 1965) assim fala: “Pelo sacramento da confirmação vinculam-se mais perfeitamente à Igreja e recebem especial vigor do Espírito Santo, e assim ficam mais seriamente comprometidos como testemunhas verdadeiras de Cristo, a difundir e defender a fé por palavras e por obras” (Lumen Gentium 11).
Mais do que no passado, entendemos a importância deste sacramento ser assumido de forma opcional, livre de pressão ou sugestão. Portanto, quem tem a capacidade de optar são os adultos. Estes deveriam ser motivados para fazerem um caminho catecumenal, porque teriam capacidade para responderem diante da responsabilidade deste sacramento.
O catecumenato
Nos primeiros séculos da Igreja, a quem desejava receber algum sacramento era submetido a uma preparação catecumenal. Sem pressa e nem com o intuito de formar muitas pessoas ao mesmo tempo. Era um longo período de preparação, sendo “o catecumenato dos adultos, distribuído em várias etapas” (Sacrosanctum Concilium 64).
Nos tempos atuais, o concílio Vaticano II através do RICA (Rito de Iniciação Cristã de Adultos), nos deram condições de entender os caminhos de iniciação ou reiniciação na fé:
- para jovens e adultos não batizados, crismados...
- para crianças e adolescentes que chegaram à idade da catequese organizada sem ter recebido o batismo.
- Para jovens e adultos que receberam os sacramentos e como adultos descobrem a fé que nunca assumiram.
- Para afastados que querem voltar à Igreja.
É preciso descobrir formas para suprir os males provocados pela pouca consciência que nossos cristãos têm em assumir os sacramentos, pois são muitos que os recebem, e poucos procuram seguir e conhecer Jesus Cristo, revelando a falta da evangelização.
Temos hoje uma realidade diferente da ideal. A ausência de propostas para uma formação continuada, como uma pós-crisma, está gerando uma massa de pessoas que não se preocupam com compromissos.
A celebração
O sacramento da confirmação é administrado nos nossos dias um pouco diferente de como era no tempo dos apóstolos. O bispo - ou o seu representante autorizado - estende as mãos sobre o confirmando e invoca para ele o dom do Espírito Santo. Os sinais e gestos significativos do sacramento da Crisma são:
- O símbolo é o óleo é um elemento muito conhecido no dia-a-dia das pessoas. Ele aparece desde o nascer até o morrer, como remédio, alimento, cosmético... Na nossa liturgia é utilizado com freqüência: no batismo, na crisma, na unção dos enfermos, na ordenação episcopal e presbiterial. O óleo é um elemento essencial na celebração da crisma. A própria palavra crisma significa ungir;
- As palavras pronunciadas na unção do crisma (óleo): “Recebe, por este sinal, o Espírito Santo, o dom de Deus”, mostram-nos claramente o efeito da crisma. Pela imposição da mão e a unção, o batizado recebe, num sentido mais pleno, a força do Espírito Santo para assumir mais plenamente Cristo em sua vida e, portanto, ser para os outros e a comunidade o “bom odor”: do amor, da justiça, da fraternidade, do perdão, da paz e a força na luta por mais vida para todos;
- O ministrante é o bispo,
- O gesto: a imposição das mãos e a unção em forma de cruz na fronte e
- Os participantes que são todos os batizados não confirmados, chamados de crismandos e também a comunidade.
Imposição das mãos
Impor as mãos tem um profundo sentido bíblico: consagração a Deus, cura e envio.
No Antigo Testamento temos várias citações em que aparece este gesto. Jacó impõe as mãos sobre seus netos, os filhos de José, para abençoa-los (Gn. 48,14 - 15). Moisés, inspirado por Deus, impõe as mãos sobre Josué. (Nm. 27,18 - 23). Em Dt. 34, 9 Josué é confirmado como homem de sabedoria e de liderança, após a imposição das mãos: “E Josué, filho de Nun, estava cheio de sabedoria, porque Moisés havia colocado suas mãos sobre a cabeça dele”.
No Novo Testamento vemos Jesus usando estes gestos em diversas circunstâncias:
- Impõe as mãos para curar: “Minha filha acaba de morrer. Mas vem, impõe-lhe a mão e ela viverá” (Mt. 9,18).
- Impõe as mãos para abençoar: “Foram trazidas crianças para que lhes impusesse as mãos”( Mt. 19,13; Mc. 10,14).
NOS ATOS DOS APOSTÓLOS:
“Na Samaria, Pedro e João transmitem o Espírito Santo pela imposição das mãos” (At. 8, 17). Na escolha dos sete primeiros diáconos, estes “foram apresentados aos apóstolos, que oraram e impuseram as mãos sobre eles” (At. 6,6).
Na crisma, a imposição das mãos ainda que não seja o gesto essencial, conforme declaração de Paulo VI (Constituição apostólica sobre o sacramento da confirmação), pertence contudo à sua perfeição e leva a compreender que este gesto, feito pelo ministro da Igreja, dá o sentido de transmissão do Espírito de Deus como força, coragem, sabedoria, vivência e testemunho da fé.
A unção com o óleo
No Antigo Testamento, a unção significava força, poder, cura, saúde, alegria, bom odor, beleza e consagração. Reis, sacerdotes, profetas eram ungidos como instrumentos para bem conduzir o povo e para defender o direito e a justiça.
No Novo Testamento, Cristo é o ungido de Deus por excelência. Ele foi ungido, não com óleo, mas com o Espírito Santo e com poder. O crismado recebe a “marca”, o selo do Espírito Santo. Como sinal de que somos pertencentes a Deus. Jesus mesmo declarou-se marcado com o selo do Pai (Jo 6,27). “Aquele que nos fortalece convosco
em Cristo e nos dá a unção é Deus, o qual nos marcou com um selo e colocou em nossos corações o penhor do Espírito” (2Cor. 1,21 - 22).
Cristo não é um nome próprio. É um título. Significa Messias, Ungido de Deus, Rei. Jesus ficou “cheio do Espírito Santo” (Lc. 3,22; 4,1) e foi enviado para uma missão (Lc. 4,14 - 21).
Aos discípulos Jesus promete enviar o Espírito Santo para lhes dar a força para serem suas testemunhas (At. 1,8).Todo crismado, ao ser ungido, assume a missão de defender o direito e a justiça, especialmente dos mais fracos e oprimidos. Portanto, será sempre um profeta que anunciará, ou denunciará, no ambiente onde estiver, a presença ou a ausência de Deus.
O Espírito de Deus
A Bíblia e a Liturgia nos falam muitas vezes do Espírito de Deus, ou do Espírito Santo, mas é difícil fazer uma idéia sobre esta pessoa divina.
As imagens que a Bíblia usa – fogo, vento, água, pombinha – são imagens que indicam movimento, fluidez, liberdade, ou seja, imagens que lembram a impossibilidade de determinar o Espírito Santo. Por isso, não conseguimos ter uma idéia fixa, pronta, perfeita, sobre Ele, como as temos mais claras sobre o Pai e o Filho.
A tradição da Igreja o chama de laço de amor entre Pai e Filho.
Sendo amor, já fica difícil de conceituar. O amor não se define, mas é vivido, testemunhado, isto é, expresso na prática em ações. Nele se realiza de maneira eterna, plena e acabada, o ensinamento de Jesus: “quem perder a sua vida, vai ganha-la” (Mc. 8,35; Lc. 9,24).
Por isso, só quem experimenta o amor-serviço, o amor-entrega e o amor doação poderá ter uma idéia – ainda que pálida – de quem é o Espírito Santo.
O Espírito Santo nos dá a força de vida e missão. Jesus declara: “O Espírito do Senhor está sobre mim”. Dizendo isto, assume a missão de ser o anunciador do Reino aos pobres. Por isso, valorizou as mulheres, perdoou os pecadores, curou os doentes, trouxe alegria e sentido de vida aos marginalizados. Mostrou-se sempre homem de ternura e compaixão, aproximando Deus ao povo e o povo a Deus.
O livro dos Atos nos apresenta a ação do Espírito Santo efetuada na ação dos Apóstolos e seguidores de Jesus. O Espírito de Deus os impulsionou para serem homens e mulheres de coragem, entusiasmo, garra, força no anúncio da Palavra. Não desanimaram nunca diante das dificuldades. Foram testemunhas fiéis de Jesus diante das multidões e nos tribunais.
Ainda hoje, como aconteceu aos Apóstolos (At. 2,3 - 4), o Espírito Santo desce “como que em línguas de fogo” sobre os discípulos do Senhor Jesus, enchendo-os de seu poder, para entusiasmá-los na pregação do Evangelho, para viverem no ardor de missionários de Cristo.
Como percebemos, nos Atos dos Apóstolos Lucas nos mostra o Espírito Santo como protagonista da missão da Igreja. Os discípulos, possuídos pelo Espírito, deixam de lado o medo e a insegurança, partem para todos os lugares da terra para o anúncio do Evangelho aos povos e edificam a Igreja, a comunidade, onde todos são acolhidos.
O Espírito do Senhor, em nosso meio, é sopro de vida, inspiração para o bem, coragem profética, força para os desanimados, construtor de comunhão, vivência do amor, ternura nas relações...
Quando nos referimos ao Espírito Santo sempre tomamos como referência os sete dons: sabedoria, inteligência, conselho, ciência, fortaleza, piedade e temor de Deus.
Eles são inspirados no texto do profeta Isaías (11,2 - 3). O Novo Testamento assume esta profecia na pessoa de Jesus Cristo, o Messias prometido. Ele seria possuído pelo Espírito de Deus e a partir de sua força, praticará um reinado alicerçado na justiça e na paz, conforme os dons recebidos.
O número sete no contexto bíblico é simbólico. Significa universalidade, totalidade, perfeição. Os dons do Espírito são inúmeros, portanto, ao falar em sete, podemos dizer que recebemos todos os seus dons.
São Paulo, em Gálatas 5,22 - 23, fala nos ‘frutos do Espírito: amor, alegria, paz, paciência, bondade, benevolência, fé, mansidão e domínio de si’. Estes frutos provêm de um projeto de vida que todo cristão é chamado a perfazer. Isto não significa que os teremos de uma hora para outra.
Mas, a vida do cristão é um constante converter-se ao crescimento da fé, e um comprometimento para gerar estes frutos na convivência do dia-a-dia.
Podemos dizer que os "dons são qualidades dadas por Deus que capacitam o ser humano para seguir com gosto e facilidade os impulsos divinos, para tomar a decisão acertada em situações obscuras e para reprimir as forças do orgulho,